Abstract
Mulher de 38 anos, que recorre à consulta por úlceras orais e genitais com episódio de uveíte anterior aguda bilateral não granulomatosa com oclusão do vaso da retina nasal inferior, adenopatias axilares e HLA B7 e B51 positivos, medicada com prednisolona e inibidor da calcineurina. Quatro dias antes do internamento e cerca de um ano após o diagnóstico de doença de Behçet (DB) emerge quadro de vertigens, náuseas e vómitos acompanhado de cefaleia holocraniana. À observação, diplopia intermitente na levoversão do olhar com desaparecimento da imagem sombra à esquerda na oclusão do olho esquerdo, nistagmo horizontal na dextroversão, Weber lateralizado à esquerda, parésia do VI par esquerdo, marcha com base alargada com ligeiro desvio direito. Tomografia computorizada crânio-encefálica (TC-CE) sem alterações. Ressonância magnética crânio-encefálica (RM-CE) com lesão ao nível da medula oblonga, com extensão à porção posterior da ponte (figura 1). Realizada terapêutica com pulso de metilprednisolona e ciclofosfamida com reversão das alterações objetivadas. Realizada RM-CE de controlo aos 3 meses com franca melhoria, persistindo discretas áreas de hipersinal (figura 2). Atualmente assintomática, sob terapêutica com azatioprina, colquicina e prednisolona 5mg.
A utilização de ciclosporina quando a doença tem envolvimento exclusivamente ocular parece ser vantajosa(1)(2), no entanto, considerando a frequência da neuro-toxicidade associada ao fármaco, o uso do mesmo pode dificultar a diferenciação clínica entre os efeitos adversos do fármaco e envolvimento neurológico associado à DB(3). Quando há documentação de lesão do SNC, o uso de ciclosporina é desaconselhado.(4)
© 2015 Galicia Clínica.
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